Mostrar mensagens com a etiqueta josé afonso. Mostrar todas as mensagens
Mostrar mensagens com a etiqueta josé afonso. Mostrar todas as mensagens

terça-feira, 31 de março de 2015

Galeria sem marcação


*
Joan Baez. O voo de alguns cravos vermelhos.
"O povo é quem mais ordena", ouvi  a senhora
cantar: da mesma galeria sem marcação onde,
há muito tempo, ouvi o José Afonso.
Enquanto há força, enquanto há força.

domingo, 22 de fevereiro de 2015

O crocodilo no meio do corredor

*

cerejas e chuva
no maio maduro,
josé, da alegria das aves.
os homens voam cabisbaixos.
o crocodilo no meio do corredor
nos degraus de laura
exibe as condecorações antigas

como chegou ele aqui
assim pesado, sem dissímulo?
mostra os dentes
mostra o gasto cavalo-marinho
impõe silêncio
na nação sob escuta.

vivemos a guerra, josé.
o velho crocodilo
avança: ele ou o caos.
para quê dois braços: ele come
um braço.
desperdício ter duas pernas: ele devora-nos
as pernas.
para quê esses e outros luxos,
diz o crocodilo.

sábado, 25 de abril de 2009

Era Um Redondo Vocábulo

Era um redondo vocábulo
Uma soma agreste
Revelavam-se ondas
Em maninhos dedos
Polpas seus cabelos
Resíduos de lar
Pelos degraus de Laura
A tinta caía
No móvel vazio
Convocando farpas
Chamando o telefone
Matando baratas
A fúria crescia
Clamando vingança
Nos degraus de Laura
No quarto das danças
Na rua os meninos
Brincavam e Laura
Na sala de espera
Inda o ar educa

José Afonso

(poemas escrito da prisão de Caxias)

In Textos e Canções, Relógio D'Água Editores

sexta-feira, 19 de setembro de 2008

Palavras

As palavras armazenam-se como torrões maduros
São flexíveis à memória são marinheiros em terra
Acontece dizer: levantem-se e caminhem
Mas quem somos e que hábito envergamos?
As palavras entontecem
Quando dispersas levantam rumos vários.

José Afonso