os que andam pelo maio e deixam a pegada
nos campos lavrados. o delírio dos peixes
do rio, insisto. o meu irmão enche o cacifo
de trutas pela tardinha, (acirra a minha
clausura pelo telemóvel) pesca com pena de gaio
vermelha e o luxor antigo, de quem era o
carreto: do pai? do pai que num dia
extraordinário de maio, à amostra
pescava babos, barbos enormes, para espanto
geral. Foi num dia de trovão, cantavam
os melros e os sapos iniciavam a maternal
caminha para a água, e o pai com o velho
luxor pescava barbos: com um isco que
apenas ilude truta ou achigã. Quem
é do mister, se não assistiu ao
maravilhoso fenómeno, não acreditará.
Eu vi, barbos grandes, enlouquecidos
pela paixão do maio, atacar a amostra,
iludidos pelo brilho do metal, a defender
um território que não é o seu. Alguns
rebentavam o fio, o pai atava outra amostra
e reiniciava o estranho jogo na boca
da barragem do ermal. os outros
pescadores à linha, com as suas canas
da índia, espantados com tamanha
abundância e desvario dos sisudos
barbos! maio. as pegadas que deixamos em
maio. o cacifo de truta não é o mesmo
que o cacifo dos caçadores que levavam
os furões para o monte: esse,
estreito, tinha a forma do animal o voraz.
terça-feira, 18 de maio de 2010
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