segunda-feira, 17 de maio de 2010

Grilos e bogas

uma rima para esta melancolia
de ser maio e não poder calcorrear
o dia. o regresso a casa despojado dos peixes do rio
trutas, bogas cor de ouro, um barbo talvez
iludido na corrente. o maio pintalgado de melros
e corvos, esses eternos corvos que abjuraram as rotas antigas.
uma rima para tudo isto, tu sabe, não é fácil
porque os grilos cantam no silêncio dos teus olhos
alegria das dedaleiras na borda da caminho trava-me o passo.
no silêncio dos teus olhos parece verso
batido. parece, e talvez não seja: só ouve os grilos
quem sabe domar o silêncio.

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