o verão antigo
não cheirava a sargaço
havia libelinhas maçãs bravo de esmolfe ainda verdes
água limpa, a furiosa paixão pelo tangível
versos do ramos rosa: estou vivo e escrevo sol
muita cerveja na solidão nocturna
agora o verão. vejo os patos bravos à tardinha
para que exílio os leva seu geométrico voo?
e o rumor do mar lá ao fundo
dizia: mãe, eu vou com as aves
porque as palavras do Eugénio sempre deixam marca
como nódoa de pêssego na camisa de domingo
que desesperava toda a mulher
e íamos à festa a aboim
passávamos a cruz de mós, o silêncio
dos carvalhais emboscados na noite
íamos a aboim pelo alegria de caminhar
no labirinto da noite, os carros dos emigrantes
que nos atiravam para as bermas e o pó
a emaranhar-se no cabelo. no verão antigo
fumávamos cigarros, só cigarros
cinco quilómetros sempre a subir
pela estrada de terra batida e eis o esplendor de aboim
no cume da serra canhestro conjunto musical a animar o povo
da alegria sazonal
como por essas bandas nada se abichava
bebia-se vinho e cerveja na infusa três colheres
de açúcar amarelo. o silêncio já orvalhado dos carvalhais
e os automóveis incendiando a escuridão. no verão
antigo procurávamos a felicidade nos sítios mais improváveis.
Subscrever:
Enviar feedback (Atom)
Sem comentários:
Enviar um comentário