domingo, 6 de janeiro de 2008

Cardume de peixes cegos

Uma simples imagem abala o lago profundo da memória. De tão profundo, a água do lago bebe a limpidez. Torna-se sombra, impenetrável sombra. Olhas, olhas e nada vês. E a tua memória está inçada de gestos, folhas de plátanos na migração do Outono, rostos de mulher embargados dos olhos. Uma simples imagem, de repente, te ilumina: e da matéria de aluvião, sedimentada nas profundezas, desprendem-se algumas palavras,

Feliz ainda quem

Pode encontrar a porta

Chorar diante dela.

Cardume de peixes cegos, os versos de Guillevic, sobe devagar à superfície.

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