os grandes plátanos
sereníssimos
na alfândega do porto
rodeados de autoridade
tantos polícias
e as árvores não voam
nem escondem armas brancas
no meio da sua verdura
quinta-feira, 10 de maio de 2012
quarta-feira, 25 de abril de 2012
A barca da alegria
o que há de vir
será a coisa mais linda
prepara a barca da alegria
vais precisar dela.
será a coisa mais linda
prepara a barca da alegria
vais precisar dela.
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25 de abril,
Miguel Portas
terça-feira, 17 de abril de 2012
A PALAVRA É UMA BELA CEREJEIRA
povoa-se a palavra
de pequenina flor branca.
a palavra é uma bela cerejeira
se a escrevo no mês de abril.
vêm as chuvas
esborratam a brancura
se transmuta em cereja
a palavra que fica rubra
quando maio a mão a escreve.
de pequenina flor branca.
a palavra é uma bela cerejeira
se a escrevo no mês de abril.
vêm as chuvas
esborratam a brancura
se transmuta em cereja
a palavra que fica rubra
quando maio a mão a escreve.
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cerejas,
emílio biel,
maio
quarta-feira, 4 de abril de 2012
FRAQUEZA PEQUENO-BURGUESA
Custa-me
sentir-me por vezes
sozinho
entre camaradas
mas claro
que isso não é
proibido
É verdade
que também conheço
camaradas
que gostariam de proibi-lo
Entres esses
sinto-me
sozinho
Erich Fried
in 100 Poemas sem Pátria
sentir-me por vezes
sozinho
entre camaradas
mas claro
que isso não é
proibido
É verdade
que também conheço
camaradas
que gostariam de proibi-lo
Entres esses
sinto-me
sozinho
Erich Fried
in 100 Poemas sem Pátria
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a um dia do paraíso,
Erich Fried
segunda-feira, 26 de março de 2012
O devaneio da escrita
um bando de gralhas sobre
a escrita
imoral como gavião que cativa
indefeso perdigoto.
que procura o bando: o coração ferido
da palavra ou agasalho nos ramos frios do inverno?
digo, traz a caçadeira
e cartuchos de chumbo 8: este espéce de gralha
maior não é que tordo de papo ruivo.
retomo o rito antigo de caça
pela luz da alva
dissimulado na brancura do papel
a velha espingarda de canos parelelos aperrada
mas o descuido do cão pisa a tinta fresca
espanta a espécie no devaneio da escrita
na primavera audaz cheia de devir.
a escrita
imoral como gavião que cativa
indefeso perdigoto.
que procura o bando: o coração ferido
da palavra ou agasalho nos ramos frios do inverno?
digo, traz a caçadeira
e cartuchos de chumbo 8: este espéce de gralha
maior não é que tordo de papo ruivo.
retomo o rito antigo de caça
pela luz da alva
dissimulado na brancura do papel
a velha espingarda de canos parelelos aperrada
mas o descuido do cão pisa a tinta fresca
espanta a espécie no devaneio da escrita
na primavera audaz cheia de devir.
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caça furtiva,
primavera audaz cheia de devir
terça-feira, 20 de março de 2012
sábado, 21 de janeiro de 2012
Crónicas de Morfina Mendes
O Prof. Cavaco Silva, "provedor do povo", passa por dificuldades. A reforma é curta, sequer dá para as tesouras da poda. O Prof. Cavaco, um dos muitos reformados deste país forçados a trabalhar até ao fim, nos raros momentos de lazer poda as suas laranjeiras. E nessa arte, dizem-me, o "provedor do povo" demonstra habilidade. Este país, desde a sua longínqua génese afonsina, foi desenhado, conquistado, arroteado para os velhos. Reforma curta, nem chega para compor o avental, ou adquirir o apetrecho para a solidão digital, ou a embalagem de comprimidos que afugentam pesadelos. Noites frias, velhice fria, reforma fria como as mãos dos velhos. Ao povo português coube um "provedor" da penúria; depois de uma longa e árdua vida de trabalho, duas reformas, somadas, igual a miséria. Miséria, miséria. Este país, talvez pelo sabor a vinho do Porto, não é para os novos. A reforma breve. Talvez o Dr. Mário Soares, num dos seus gestos de travar o fim da (nossa) História, se candidate à presidência da JS. Talvez o Dr. Artur Santos Silva, num sublime acto de despojamento, abandone a Gulbenkian e se dedique a escrever a biografia de um tal Sebastião Ribeiro, jurista, defensor de antifascistas, republicano, expulso pela Ordem dos Advogados. Caído no olvido. Talvez o Prof. Eduardo Catroga, num gesto humilde, abdique da EDP e dos outros sítios onde administra e adicione sua reformita à reformita do “provedor do povo” e, seguindo o exemplo de Mofina (ou morfina) Mendes, criem o primeiro banco mundial para financiar os velhos que precisam de trabalhar quando chegam a velhos.
Um país com “o provedor do povo” na penúria, sem dinheiro nem saliva para comprar e colar os selos para as cartas de reposta às cartas que recebe do povo, da plebe, um país assim nem é sequer um “lugar mal frequentado”. É o vazio. É indignidade. É o nada – e “nada nos falta porque nada temos”.
Um país com “o provedor do povo” na penúria, sem dinheiro nem saliva para comprar e colar os selos para as cartas de reposta às cartas que recebe do povo, da plebe, um país assim nem é sequer um “lugar mal frequentado”. É o vazio. É indignidade. É o nada – e “nada nos falta porque nada temos”.
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O povedor do povo
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