fogueira
de giestas: escrevi
noite
crepita o sono do cão
no dorso do lume
*
o cão acorda, o pastor
procura (:escrevo garrafa)
garrafa só é intransitiva
aguardente
o pastor bebe
mastiga o pão devagar
quem acordou o pão?
Transumância, ed. Campos da Letras
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domingo, 13 de dezembro de 2009
quinta-feira, 5 de março de 2009
Caminho dos musgos
esta borrasca de pássaros
que atordoa a luz
da manhã. é bom olhar
assim tanta felicidade
alada: a que rompe o suave caminho
dos musgos. e, tu
sabes, virá o maio. andaremos
pelos montes, abundantes de
silêncio, cheios de paixão e mágoa.
que atordoa a luz
da manhã. é bom olhar
assim tanta felicidade
alada: a que rompe o suave caminho
dos musgos. e, tu
sabes, virá o maio. andaremos
pelos montes, abundantes de
silêncio, cheios de paixão e mágoa.
segunda-feira, 29 de setembro de 2008
Ofício de andarilho

Quem arroteou a rispidez da pedra: pacientes pastores da transumância, a sede dos animais? Os esquivos bichos do monte caminham de noite, rasurados pela noite, na porfia de água. E sempre pelo mesmo carreiro: fraqueza que os predadores – mais a sua secreta arte – bem conhecem. Por este trilho esculpido nas fragas (começa nas nuvens e em aluvião desagua no infinito) passaram lobos, javalis, algumas raposas; em viagem menos longas, répteis em busca do sol (os répteis bebem a sombra) também o cruzaram. Todos estes bichos, e muitos outros provavelmente já abolidos, burilaram a rispidez da pedra, ofício imperceptível de andarilho tocado pelo medo. E o pastor mais o cão de coleira de picos (que lhe apoucava a bravura)? Em tempos, por certo, na cumplicidade emudecida seduziram o gado ao caminho agreste. Na Primavera, sim – quando a vegetação rasteira reinventa o húmus na avareza da pedra e começa a cerzir flores pequeninas na paisagem. O pastor, alcançada a lonjura do cume, cedeu por inteiro ao cão o dever de zelar o rebanho. Sentou-se. Do alto da penedia, terá olhado o mundo – o silêncio do mundo.
Foto: Luís Oliveira Santos
Etiquetas:
Fotografia,
transumância
quarta-feira, 11 de junho de 2008
Labirinto azul
*
Não vou falar da transumância
dos infelizes na noite escura
apenas o leve desejo
despe os cabelos. A cinza das palavras
como se tu fosses um anjo nu
com a tristeza aos pés
labirinto azul como a cerveja
da casa das putas. Não não estou
a danificar o lirismo: podia chamar
puta azul e tu dirias verso
sublime! só de efebos subtis
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