sexta-feira, 3 de abril de 2015

Sou da árvore genealógica da morte

*
A ferrugem da boca, o pão oxidado da injustiça,
os sons vulcânicos da minha voz em chamas. Sou
da árvore genealógica da morte e da mão
que escreve a habitação supérflua da palavra.
Não sei na verdade o que procuro, não sei
aprender nem esquecer: enquanto procuro, oxido,
oxida-me o pão na boca. Sou como aquele
que regressa inteiro, sou aquele que nunca partiu


Nuno Higino
Rios Sedentos
ed. Letras&Coisas

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