quinta-feira, 10 de julho de 2014

Verão


À noitinha cala-se a queixa
Do cuco no bosque.
Inclina-se mais o trigo,
A papoila vermelha.

Trovoada negra ameaça
Por sobre o outeiro.
O velho trilo do grilo
Morre no campo.

Já não se mexem as folhas
Do castanheiro.
Na escada de caracol
Ruge o teu vestido.

Calma reluz a vela
No quarto escuro;
Uma mão de prata
Apaga-a;

Calma do vento, noite sem estrelas.


Georg Trakl
Poemas
versão portuguesa de Paulo Quintela

ed. O oiro do dia

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