segunda-feira, 13 de setembro de 2010

A onda

Vão maus os tempos d’agora
Para cousas de poesia;
Cresce a onda: a prosa fria
Tudo invade e nos devora.

Quando surge a luz da aurora
Ninguém ouve a cotovia,
E o trovador de algum dia
Canções d’amor já não chora.

A musa veste á burgueza,
Apolo frisa o topéte,
Fuma á porta da Havaneza;

A vindima não promette.
O Pindo causa tristeza...
Adeus, ma tendre musette!

JOÃO PENHA

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