sexta-feira, 18 de outubro de 2013

Um Barco para Ítaca

ULISSES


E havia laranjas. Havia um país de leite
e de limão.

Havia cântaros carregados de azeite.

Pedras e cabras.

Raparigas.

Ai as ruas estreitas. E o sol. As sombras. Havia
                                                      uma canção

que falava do vento e das espigas.

E agora só palavras. Só palavras.

Minha nação já só de cardos e caruma.

Ausências. Fantasmas.


(...)

CORO

As palavras estão gastas e este tempo é de agir.

Precisamos dum barco. Um barco para partir

um barco para chegar. Um barco para encontrar

Ulisses perdido no mar.

Manuel Alegre

Um Barco para Ítaca, ed. Centelha, 1971

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