ULISSES
E havia laranjas. Havia um país de leite
e de limão.
Havia cântaros carregados de azeite.
Pedras e cabras.
Raparigas.
Ai as ruas estreitas. E o sol. As sombras. Havia
uma canção
que falava do vento e das espigas.
E agora só palavras. Só palavras.
Minha nação já só de cardos e caruma.
Ausências. Fantasmas.
(...)
CORO
As palavras estão gastas e este tempo é de agir.
Precisamos dum barco. Um barco para partir
um barco para chegar. Um barco para encontrar
Ulisses perdido no mar.
Manuel Alegre
Um Barco para Ítaca, ed. Centelha, 1971
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