quinta-feira, 4 de outubro de 2007

Enquanto escrevo magnólia

Descobri Rosalia e a Galiza sem homens para colher o pão. Fui menino, outra vez límpido menino, acabado de nascer. No Maio da tua voz aprendi a mágoa que se estendia ao outro lado do mar. A tua magoa criativa: se fez fogo por dentro da noite, por dentro da medo. No regresso do outro lado, velei o soldadinho morto, violetas e o meu silêncio todo ofereci à menina dos olhos tristes que nos esperava no cais. Por muitas geografias nos levou a tua voz, a palavra quase sempre rente ao povo que é onde começa tudo: a tristeza e a revolta.
Dádiva imaterial a tua, Adriano. Cheia de silêncio, cheia de memórias, cheia de Portugal. Procuro a tua a mágoa enquanto escrevo magnólia florida no mês de Março.

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