Sereia
Uma mulher sentou-se no rochedo, pés imersos no mar. E assim ficou muito, muito tempo. A todos os barcos que por ali passavam, ela perguntava aos marinheiros se tinham visto o seu amado. «Como é o teu amado?», queriam saber os marinheiros.
«É belo como um lince, olhos da cor do sargaço, pele macia como a espuma do mar…» Quando a mulher emudecia, já os barcos iam longe, engolidos pela névoa.
Depois de muita espera, exausta e faminta, a mulher quis sair do rochedo. E foi então que viu os seus pés, que entretanto se uniram, transformados numa grande barbatana, escamas a alastrar nas pernas! Estendeu os braços, mergulhou com um sorriso que nem o frio salgado da água conseguiu dissolver.
Não sei se a mulher descobriu o amado. Mas ainda hoje, muitos anos depois, quando cruzam aquele rochedo, os velhos marinheiros contam que um dia ali viram uma mulher muito bonita, «olhos da cor do sargaço».
sábado, 27 de outubro de 2007
Subscrever:
Enviar feedback (Atom)
Sem comentários:
Enviar um comentário