domingo, 24 de novembro de 2013

domingo no corpo

*

as tardes de domingo, começam
sair de casa, como se fora para longe...
e voltar a ela, sem vontade de fazer nada.

tenho o domingo no corpo

minha mãe prepara a feijoada com solas para o almoço

meu pai dorme na tarde para a semana inteira
e ressona alto

as vacas e seu cheiro entranham-se-me
minha mãe tira leite, mais cedo que o habitual

e adormeço num silêncio quente

gosto de não existir neste tempo

meu pai, abeira-se de minha mãe. todos quietos.

eu não entendo nada.

talvez, por isso, pereça
a poesia

Aurelino Costa

Domingo no Corpo, Deriva Editores

Sem comentários: