“Tu
disseste: olha o jacarandá florido, fica rente à felicidade. Um dia
chegarás ao seu coração vegetal, apertado: achas a luz, a claridade das árvores
bebida pela raiz – limpidez resgatada do âmago da terra”.
Uma
história do medo (“que animal é o
medo?”), da clandestinidade política, de afetos e traições. Da tortura, da mais
bárbara tortura e da perigosa arte do silêncio (não rachar) perante os
torturadores. O romance parte de um facto real: o assassinato de um
“proprietário e capitalista ”, dizem os jornais da época, na Rua do Bonjardim,
no Porto. Crime mal esclarecido, que a polícia política se apressa a
atribuir a “grupo de malfeitores” comunistas e a três refugiados rojos
da guerra civil de Espanha.
Jaracandá decorre no
início dos anos quarenta, um dos períodos de maior crueldade do
fascismo português, respaldado numa sociedade apavorada, e num jornalismo
subserviente, mentiroso, infame. Afinal, quem foram os autores do “Crime do
Bonjardim”? Porque desapareceu o
processo, julgado em Tribunal Militar Especial Político, do Arquivo Histórico
Militar?
Ed. da Teodolito, chancela do grupo edições afrontamento, junho de 2015.
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