sexta-feira, 6 de setembro de 2013

A pequena morte

Tão perturbado amor
este, o que escorre
como a goma das árvores,
este que feito cão
uiva e cintila.

O amor com suas facas, suas cordas,
o seu lenço cigana -
- abrindo as frestas,
dividindo a pele.

Eis a mulher. Deitada sobre os sons
na volúpia da espera:
a pão e água.
Desejando o amor, o risco exangue,
a exposição das coxas,
o temível sabor do homem.

Esperando:
como um ser punido e olhado,
entre cetins desfeitos,
a ferida.

A vagarosa morte,
esse prazer.

Hélia Correia
in A pequena morte

1 comentário:

luna disse...
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