domingo, 12 de julho de 2009

Os pombos bravos

quando dizes lobo
retomo a grafia da terra
afectos caídos nas toalhas de linho
e os cães, sei os nomes
vejo-os a seguir o rasto
pai, olhe os cães
no frio da manhã os pombos bravos
e eu sonhava um dia ter também caçadeira
para provar o meu pai que os pombos voavam a distância de tiro
chumbo cinco, talvez, pólvora nobel
a ave caindo redonda com uma maçã
no chavascal, esquartejada
em breves segundos de rosnar e sangue
cão de coelho despreza caça de pena
tu sabes, a grafia da terra
traz sempre uma dor antiga
agora o verão, agora o verão quando dizes lobo
o verão e os devaneios do repouso, os cães dormem à sombra
nenhuma dor antiga os abala nenhuma
lembrança os alvoroça

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