quinta-feira, 17 de julho de 2008

[Arremessar a pedra]

Olho os pardais na brévia. Imóvel e em silêncio: assim evito o voo apavorado. O zelador do bando espia-me. Como se de repente eu voltasse à impiedade da infância, e o meu silêncio fosse o predador que sustém a respiração, retesa a fisga, arremessa a pedra.




arremessa: longínqua palavra, artesanal como fisga, como enxó, escopro ou almofia. E, ao mesmo tempo, perfeita, impenetrável: parece muro trabalhado de quinta com uma cancela rigorosamente ao centro.



(in Brévia)

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