quarta-feira, 20 de fevereiro de 2008

Se te disser o meu nome


Estás a olhar para mim, eu sei. E já descobriste uma nuvem a sair do meu mundo, como se as nuvens fossem o suave fumo da casa dos sonhos. Não é meu propósito orientar a tua forma de ver. De me veres em silêncio. A cores. Agora fixas os meus olhos. Não. Antes da descoberta do fumo dos meus sonhos, tu passaste por aí: foi isso, a tristeza dos meus olhos, que te fez desviar de repente o olhar.
Se te disser o meu nome, irás olhar-me de outra maneira. Acredita, o nome torna-me menina. E eu quero ser uma menina. Enquanto ouvias, eu vi, reparaste num breve sorriso. Este sorriso, este doce sorriso como uma tangerina, prende-te. E agora, sim, observas-me, sem receio, pelos lábios. Sou uma menina, tenho nome,uma casa inventada na cabeça. Pode parecer estranho, mas eu estou dentro da
casa, da casa dos sonhos: fiz uma fogueira com rama de alecrim e giestas, corri para a janela. E aqui estou, sempre aqui estive, à janela. A olhar para ti.

(desenho: Elsa Navarro)

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