sábado, 25 de agosto de 2012
Pedra maneirinha
arroteia-se o chão bravio
o tojo raízes
fetos urze outros arbustos
de teimosia à secura
se faz monte de palavras
mortas que o fogo ilumina.
cinza uma ou outra ponta
de raiz por arder
o ancinho junta esses focos de resistência
que a luta homem fogo terra
é muito antiga
de novo o fogo
serpe de fumo a desentender-se
no dia claro.
uma voz ao fundo
o homem suspende o gesto
livra os bois do jugo
transitória acalmia
na clareira cercada pelo bosque
e seu doce rumor de seiva.
a ocupação da paisagem
pela rebeldia domesticada do gado
à força de braços
alvião enxada ferro de monte
se amanha a pedra
amanhã rasga-se alicerce
as pedras acham abrigo
harmonioso afagar de cantaria
se abraçam entrelaçam
sobem devagar como árvore
de fruto: eis os socalcos
a embargar aluviões do devir
da cinza das palavras mortas
novo vocábulo desponta
a paisagem se r e
p a r t e
e não é de todos: a posse excluiu
levanta sebes muros
paredes de pedra maneirinha
o mundo dos recolectores na rota dos frutos
viver silvestre entre penúria e bagas maduras
conchas marinhas
veado cativo na armadilha: essa humanidade
se mistura em restos de folhas
ossos silêncio fragmentos de galeões
e se forma smatéria da aluvião
palavras mortas tojo
raízes
arbustos
caroços de pessegueiro bravo
fogo
o fogo não tem memória.
francisco duarte mangas
Rossas, finais de julho
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