terça-feira, 2 de março de 2010

Cão grande e fusco

O gado desapareceu do monte. De noite, doninha de enigmas obscuros, vieram procurá-lo. Traziam varas de marmeleiro, lanternas, um cão grande e fusco. Ninguém avistara o gado. Malvadeza, as vacas tinham chocalho! Um dos homens segurava nas mãos um ouriço-cacheiro. Vale alguma coisa? Não, não presta. Ele pousou-o no chão, quando se previa outro desfecho: esborrachar o bicho contra o muro. Fomos ao posto da guarda, ninguém nos atendeu. Estou a dormir, toquem na campainha. Assim foi: premiram o botão que acorda a autoridade. Que se passa? Não tendes relógio! Os homens contaram a história do gado desaparecido. Sim, malvadeza, senhor guarda. Um momento, disse o agente. Recolheu a cabeça, fechou a janela; desceu as escadas e, de chofre, manda identificar o dono do cão grande e fusco. Multou- o. O bicho andava sem açaime. Os homens trocaram olhares, acenderam cigarros.

1 comentário:

AJHLP disse...

mas porque é que fico sempre triste quando leio os teus textos?
Tété