*
Menino, não passes sem antes me haver amado.
Sou bela ainda, de noite; verás quanto o
meu outono é mais quente que a primavera
de outra.
Não procures o amor das virgens. O amor é
uma arte difícil, na qual são pouco versa-
das as rapariguinhas. Passei a vida toda a
aprendê-la para dá-la ao meu derradeiro
amante.
Meu derradeiro amantes serás tu, bem sei. Eis
minha boca, pela qual todo um povo empa-
lideceu de desejo. Eis meus cabelos, esses
mesmos cabelos que Psappha, a grande,
cantou.
Reunirei, por ti, tudo o que me restou de minha
perdida mocidade. Queimarei as próprias
lembranças. Dar-te-ei a flauta de Lykas e
o cinto de Mnasidika.
Pierre Louÿs
O AMOR DE BILITIS
Trad. de Guilherme de Almeida
Livraria José Olympio Editora,
Rio de Janeiro, 1943
sábado, 25 de julho de 2015
terça-feira, 21 de julho de 2015
[Magnífico animal]
*
Magnífico animal e tão perfeito
e de vocação inequívoca,
de ti se desprende a luz
e em ti se resume o mundo.
Devotada abelha,
haste de chuva,
em teu corpo até as aves cantam
de outra maneira
e a luz é mais luz
e a vida é mais vida.
Eduardo White
O País De Mim,
ed. associação dos escritores moçambicanos
col. Timbila
Magnífico animal e tão perfeito
e de vocação inequívoca,
de ti se desprende a luz
e em ti se resume o mundo.
Devotada abelha,
haste de chuva,
em teu corpo até as aves cantam
de outra maneira
e a luz é mais luz
e a vida é mais vida.
Eduardo White
O País De Mim,
ed. associação dos escritores moçambicanos
col. Timbila
quarta-feira, 1 de julho de 2015
Esperar o inesperado
O que se está a extinguir, neste nosso mundo pós-eurocêntrico, é tão só
a certeza acerca do inevitável conteúdo do porvir. Débil expectativa,
pois, como frisou Heraclito, e Ernst Bloch repetiu, quem não espera o
inesperado jamais o poderá encontrar.
Fernando Catroga
Autobiografia
JL, 27 de maio
Fernando Catroga
Autobiografia
JL, 27 de maio
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